Durante o Fórum Lide COP30, realizado em Bonito (MS), o governador do Pará, Helder Barbalho, afirmou que “só teremos justiça climática se tivermos justiça social”, destacando a necessidade de políticas públicas inclusivas e participativas para alcançar esse objetivo. A frase é impactante, mas levanta a velha dúvida: o discurso é acompanhado de ação ou permanece apenas no campo da retórica?
A chamada justiça climática, conceito que conecta as mudanças ambientais com desigualdades sociais e econômicas, ganhou força no debate global. A ideia de que o meio ambiente não pode ser preservado sem considerar a realidade dos povos mais vulneráveis é legítima. No entanto, é preciso mais do que discursos bem formulados para promover transformações reais.
O anúncio de que a COP30 será realizada em Belém, no Pará, é visto como uma grande oportunidade para o estado e para o Brasil mostrarem ao mundo seu comprometimento com a pauta ambiental e social. Mas essa oportunidade exige responsabilidade. Não basta sediar um evento internacional – é necessário provar, na prática, que os princípios discutidos nos fóruns estão sendo aplicados dentro de casa.
A população amazônida, que convive diariamente com os desafios da infraestrutura precária, acesso limitado a serviços públicos e impactos ambientais diretos, precisa mais do que promessas: precisa de investimentos concretos, projetos que respeitem a vocação regional e geração de oportunidades que valorizem as comunidades locais.
Ao falar sobre justiça social, é inevitável lembrar que ela começa com segurança, educação, saúde e dignidade. Enquanto essas bases estiverem frágeis, o discurso climático será apenas mais um entre tantos pronunciamentos políticos bem ensaiados, mas vazios na prática.
A COP30 pode ser um marco histórico, mas depende das escolhas feitas agora. O mundo estará atento, mas, acima de tudo, quem mais vai cobrar coerência são os próprios brasileiros – especialmente os que vivem na floresta.
Fonte: Agência Pará