
A recente investigação divulgada pelo G1 mostrou um golpe que tem ganhado predominância no Pará: criminosos se passam por defensores públicos para extorquir pessoas vulneráveis, ofertando supostos “atendimentos gratuitos” em troca de pagamento via Pix. A fraude tem ocorrido por aplicativos de mensagem como WhatsApp e ligações telefônicas, sempre usando fotos, nomes e dados de defensores reais — criando uma sensação de legitimidade perigosa na tentativa de enganar vítimas que, muitas vezes, já enfrentam dificuldades jurídicas e se confundem diante de informações manipuladas.
A Defensoria Pública reforça que todos os seus serviços são totalmente gratuitos, e que nenhum defensor entra em contato solicitando dinheiro ou dados bancários. A orientação é clara: em caso de suspeita, deve-se buscar o canal oficial da Defensoria — nunca responder àquele link ou número enviado por desconhecidos.
Opinião: Golpe revela vulnerabilidade social e exige resposta firme da autoridade
Esse golpe não é apenas um crime financeiro — é uma traição cruel à confiança em instituições que deveriam proteger. Quando alguém já fragilizado legalmente é manipulado com truques de autoridade, o dano vai além do prejuízo econômico: atinge a dignidade e a segurança psicológica.
O governo e o sistema jurídico precisam reagir com urgência. O cristalino alerta da Defensoria sobre falsificações, já observadas em outros estados como Amazonas e Alagoas, denuncia pontos vulneráveis na prestação de serviço: a ausência de canais verificados e a falta de conhecimento sobre os direitos básicos da população.
A resposta deve ser dupla:
Reforço dos canais oficiais: divulgar amplamente — em rádio, TV, carro de som e redes digitais locais — os números verdadeiros da Defensoria e alertar que ninguém ligado ao órgão exige pagamento algum;
Rigor punitivo contra os golpistas, investigações que alcancem as redes por trás dessas fraudes e medidas para desarticular os grupos que se valem da informalidade para burlar o sistema de Justiça.
Em paralelo, é fundamental reforçar a educação jurídica básica da população. Saber que a defesa é gratuita, denunciar ligações suspeitas, fazer boletim de ocorrência: isso precisa ser ensinado e repetido, especialmente em comunidades vulneráveis.
Este tipo de golpe também comprova que a segurança jurídica está tão ameaçada quanto a física. Quem se aproveita de corpos frágeis — geralmente idosos ou pessoas em situação de vulnerabilidade — para extorquir em nome do Estado fere o que nos resta de confiança institucional. E enquanto o Estado não reagir com clareza, firmeza e transparência, esse crime continuará a macular a cidadania e a reputação de quem, de fato, trabalha para defender os mais necessitados.