Na quinta-feira, 29 de maio de 2025, a Polícia Federal, com autorização da 2ª Vara Federal de Marabá, cumpriu dois mandados de busca e apreensão em Parauapebas, no sudeste do Pará, como parte da “Operação Vale-Carne”. A investigação gira em torno do extravio e uso fraudulento de cartões de vale-alimentação enviados pelos Correios. Os cartões eram entregues já com as senhas, o que facilitou o uso indevido em diversos estabelecimentos da região. Em apenas um mês, o prejuízo estimado ultrapassou R$ 8 mil. A PF apreendeu celulares e diversos cartões durante a operação, e as investigações continuam para identificar todos os envolvidos.

Opinião: Fraude revelada em Parauapebas expõe falhas graves e exige respostas firmes
O caso em Parauapebas é mais do que uma simples irregularidade funcional: revela uma falha sistêmica, com consequências reais e graves. Quando recursos públicos — ainda que pequenas quantias — são desviados, não é apenas dinheiro que se perde, mas também a confiança da população no Estado. Programas assistenciais devem ser diáfanos, seguros e eficazes, especialmente quando voltados a quem mais precisa.
Que cards fossem enviados já com senhas pré-configuradas mostra descuido gravíssimo. Essa negligência abre brechas óbvias para fraudes — fraudes essas que não atingem apenas aqueles que exigem ajuda, mas toda a coletividade paraense, que sustenta esses programas com seu trabalho e impostos.
A operação policial deve ser vista como urgente, mas também como um ponto de partida. É indispensável:
- Implementar processos rígidos de controle de distribuição — sem senhas vulneráveis.
- Estabelecer auditorias externas periódicas nos serviços dos Correios e outros parceiros.
- Punir com rigor não apenas os fraudadores, mas também gestores responsáveis por falhas que viabilizam crimes.
- Implementar tecnologia: digitalização, biometria, rastreamento em tempo real — recursos que poderiam impedir riscos antes que eles aconteçam.
Enquanto medidas não forem tomadas, o custo social e a desconfiança pública vão continuar altos. Uma investigação eficaz é apenas o começo; precisamos de ações concretas para evitar que esquemas criminosos se aproveitem da boa-fé de quem depende de auxílio — e arrancam dinheiro do cidadão trabalhador.