
Os frutos cremosos e as flores ricas em néctar da árvore-do-leite são irresistíveis para a Xenohyla truncata, uma perereca nativa do Brasil. Em noites quentes, os sapos de cor escura sobem em massa às árvores, empurrando-se uns aos outros por uma chance de morder os frutos e sugar o néctar. Nesse processo, os sapos acabam cobertos por grãos de pólen pegajosos — e podem, inadvertidamente, polinizar as plantas também. É a primeira vez que se observa um sapo — ou qualquer outro anfíbio — polinizando uma planta, relataram pesquisadores no mês passado na revista Food Webs.
Durante muito tempo, os cientistas acreditaram que apenas insetos e aves atuavam como polinizadores, mas pesquisas revelaram que alguns répteis e mamíferos também cumprem esse papel. Agora, os cientistas precisam considerar se os anfíbios também são capazes de realizar essa tarefa. É provável que os sapos amantes de néctar, também conhecidos como pererecas brasileiras de Izecksohn, estejam transferindo pólen enquanto se movem de flor em flor, dizem os autores. Mas eles acrescentam que mais pesquisas são necessárias para confirmar se os sapos se juntaram ao panteão de polinizadores do planeta.